A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu a Chamada Pública nº 04/2024 para estimular a participação social no processo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) sobre a incorporação no Programa Nacional de Imunização (PNI) da Vacina Influenza Quadrivalente (fragmentada, inativada) para imunização da população com 80 anos ou mais de idade. Disponível em: https://www.gov.br/participamaisbrasil/chamada-publica-04-2024-vacina-influenza. As contribuições podem ser realizadas até o dia 18/02/2024.
A Influenza (gripe ou influenza sazonal), é uma infecção viral aguda, causada pelos vírus Influenza A, B, C ou D e que acomete o sistema respiratório, de forma leve ou grave1,2. A transmissão do vírus ocorre pelas vias respiratórias, por meio de secreções (nasal e/ou oral)2,3. Deste modo, a transmissão ocorre pela tosse e/ou espirros de pessoas com Influenza e a partir do toque em superfícies ou objetos contaminados, com o consequente toque em olhos, boca ou nariz3,4.
Os sintomas da influenza, normalmente, são febre, tosse, inflamação na garganta, dores de cabeça e musculares, coriza, mal-estar em geral e fadiga2,3. Entretanto, a doença pode evoluir para sua forma mais grave e levar a quadros de pneumonia, síndrome respiratória aguda grave (SRAG), miosite e até mesmo, a óbito2,3.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que a cada ano, sejam registrados de três a cinco milhões de casos graves da doença e de 290 mil a 650 mil óbitos, em razão da Influenza em todo o mundo5. As pessoas com maior risco de desenvolver a forma grave da doença são maiores de 60 anos, crianças, gestantes, puérperas e pessoas com alguma comorbidade, como as condições crônicas não transmissíveis (CCNTs)2.
De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, em 2022, a faixa etária na qual foram registrados mais casos de gripe foi a de 60 anos ou mais (44,2%)2. Por sua vez, de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), no ano de 2023, as doenças do aparelho respiratório, incluindo portanto, a Influenza foram a segunda principal causa de mortalidade, em pessoas acima de 60 anos6.
A ciência reconhece que a melhor estratégia para se prevenir a doença é a vacinação, haja vista que as vacinas estimulam a produção de anticorpos contra vírus e bactérias7 e promove a imunidade no período de maior circulação do vírus influenza, o que reduz o risco de infecção e agravamento da doença2.
Destaca-se que, na atualidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece a vacina trivalente para o combate à Influenza. Contudo, já existem no Brasil as vacinas contra a influenza quadrivalente e quadrivalente de alta dose, que são relevantes avanços em imunização, promovendo maior proteção8. Isso porque, a vacina trivalente possui duas cepas de vírus A e uma cepa de vírus B, enquanto na quadrivalente a proteção se dá com duas cepas de vírus A e duas cepas de vírus B9.
Assim como já se observa em outros países10, o uso das vacinas quadrivalentes para maior proteção deve ser considerado, principalmente em se tratando de pessoas maiores de 60 anos, que apresentam resposta imunológica menos efetiva (imunossenescência)11. A fim de melhorar a prevenção de infecções, agravamento dos quadros de gripe, e mesmo eventos cardiovasculares com hospitalização e óbito12 em pessoas com mais idade - portanto apresentando imunosenescência13 - é importante ser considerada a administração de imunizante que confere maior proteção, como é o caso da Vacina Influenza Quadrivalente (fragmentada, inativada)14.
Diante do exposto, a chamada nº 04/2024 da Conitec é de extrema relevância. Incentivamos a inscrição para participação social de pessoas com 80 anos ou mais de idade, familiares, cuidadores e representantes de associações, a fim de contribuírem para essa decisão de incorporação no PNI da Vacina Influenza Quadrivalente (fragmentada, inativada) para imunização de pessoas com 80 anos ou mais de idade.
Referências:
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