Evento Interativo do FórumDCNTs debate as políticas públicas e programas fundamentais para avançar na atenção à obesidade e qual o papel da Frente Parlamentar do Diabetes nesse enfrentamento
O FórumDCNTs realizou na última segunda-feira, dia 20 de março, o Evento Interativo “Obesidade - Riscos de uma epidemia sem controle: políticas e programas necessários”, mediado pelo Coordenador Geral do FórumDCNTs, Dr. Mark Barone. O debate central da live foram as políticas públicas e programas fundamentais para avançar no enfrentamento da obesidade e o papel da Frente Parlamentar do Diabetes nessa ação, assunto que ganha relevância com a divulgação do Atlas Mundial da Obesidade 2023 ao ressaltar que 41% da população adulta brasileira conviverá com a condição em 2035. (Confira todos os vídeos do Evento aqui).
O Dr. Mark Barone abriu o evento interativo com as boas-vindas aos painelistas e aos espectadores, além de contextualizar a temática da live. Foi levantado que a taxa de obesidade está acentuada no Brasil, principalmente entre os mais jovens, com a prevalência de 26% da população.
A primeira painelista a se apresentar foi a Dra. Andrea Pereira, Cofundadora do Instituto Obesidade Brasil, que citou sobre o crescimento alarmante dos casos de obesidade no Brasil, com base no Atlas Mundial da Obesidade. Dados apontam que 2 a cada 5 adultos no Brasil conviverão com obesidade no Brasil em 2035, o que aumenta a preocupação com a condição e que a obesidade precisa ser vista como ela é, uma CCNT que necessita de cuidados e que gera gastos públicos e está associada a muitas outras condições como diabetes, câncer, doenças respiratórias e doenças cardiovasculares, portanto a importância da intersetorialidade para essas discussões.
Em seguida, o Dr. Guilherme Nafalski, Coordenador de Projetos de Saúde do Instituto Cordial e responsável pelo Painel Brasileiro da Obesidade, comentou sobre a situação da abordagem do tema, invisível nas linhas de cuidado, e de existirem políticas públicas com impacto na obesidade infantil, como o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant).
Na sequência, a Sra. Flávia Morais, Deputada Federal pelo Estado de Goiás e Líder do movimento para implementação da Frente Parlamentar Mista para a Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Diabetes, reafirmou o compromisso com a FPM do diabetes, de sua autoria. Nela serão abordados quatro eixos, um deles a obesidade e a atuação da frente com projetos de lei que atuam na primeira fase da vida, nas escolas. Também foi firmado o compromisso da criação da Semana Nacional de Prevenção e Conscientização da Obesidade, que terá avaliação antropométrica, o que inclui altura peso, circunferência abdominal, Índice de Massa Corporal (IMC), índice de padrão de crescimento e percentual de gordura.
O próximo painelista, o Dr. João Salles, Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), trouxe números que alertam sobre a obesidade, principalmente na prevalência de 1/3 das crianças com a condição, e cerca de 50 milhões de pessoas convivem com obesidade no Brasil. O que mais preocupa é o fato da maioria estar na faixa etária economicamente ativa do Brasil e que pode acarretar outras 195 doenças que a condição traz. A incorporação da liraglutida na Conitec, em dezembro do ano passado, também foi citada como um avanço nos cuidados com a obesidade, mas faz a ressalva da acessibilidade, já que a menor parte população brasileira tem condições de custear com cuidados de qualidade.
Os fatos foram corroborados pela Dra. Andrea Pereira acerca da caótica situação sobre a fila de espera para uma cirurgia bariátrica ser entre 6 e 7 anos na Santa Casa de São Paulo. O acesso à alimentação saudável e a prática de atividades físicas são importantes, mas sem medicação para cuidar só resta a cirurgia bariátrica, o que aumenta a espera na saúde pública. O mais importante, porém, é reconhecer que a obesidade é uma condição crônica e isso precisa ser ensinado desde o primeiro atendimento.
Como exemplo que pode ser seguido no Brasil, o Dr. Guilherme Nafalski citou a linha de cuidado canadense e a importância e necessidade de a pessoa com obesidade ser incorporada nas discussões, assim como faz a ONU ao convidar as pessoas com CCNTs para participar dessa formulação dessas políticas. Com relação ao número de cirurgias bariátricas, no boletim da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica é descrito que, entre 2017 e 2022 foram realizadas 315 mil cirurgias bariátricas, a diferença abordada é grande com 253 mil cirurgias cobertas por planos de saúde, 16 mil por instituições privadas e 47 mil no serviço público.
A Dra. Andrea Pereira relatou que presenciou, nos 11 anos como voluntária no Ambulatório de Cirurgia Bariátrica da UNIFESP, diversas pessoas morrerem na fila pela longa espera para fazer a intervenção. A Sra. Flávia Morais ainda afirmou que a repercussão da obesidade não pode acontecer apenas para fins de saúde como o sedentarismo, que chega a todas as famílias com mais facilidade.
Por fim, o Dr. João Salles ressalta que todos clamam por ajuda na atenção à obesidade e lembra que a CCNT não é desvio de caráter e não deve ser vista dessa forma. A diferença de preços nos alimentos saudáveis e alimentos ultraprocessados é desigual, como exemplo o alto preço de verduras e o baixo custo de macarrão instantâneo. Se 50 milhões de brasileiros têm obesidade, o que corresponde a população da Argentina e Uruguai somadas (aproximadamente 49,2 milhões de pessoas, de acordo com o Banco Mundial), todos precisam se comprometer a desenvolver trabalhos e pesquisas com moléculas ou combinações terapêuticas para ajudar a população.
A obesidade é tema recorrente do FórumDCNTs e seus membros, que fomentam com frequência o combate e enfrentamento a essa condição que precisa ser tratada como CCNT, e não apenas pelo estilo de vida. Números sobre custos com medicamentos e a necessidade de não postergar soluções também abrange esforços de toda a sociedade. Fica como reflexão o pensamento do Dr. João Salles sobre qual seria o corpo ideal, e não há dúvidas, o saudável. A saúde precisa vir antes da estética e todo o valor nesse caso não é gasto, mas sim investimento.
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