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Câncer de intestino e de mama em mulheres com alto risco ganham atenção de gestores e especialistas

Evento promovido pelo FórumDCNTs abordou o câncer de mama, seus desafios na jornada da pessoa e como potencializar diretrizes para detecção precoce a partir de esforços intersetoriais


O câncer de mama é o de maior incidência entre as mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são 73.610 casos no último estudo anual divulgado, seguida pela incidência de câncer de cólon e reto (23.660 casos) e câncer de colo do útero (17.010 casos). Soma-se a esse impactante fato a quantidade de mortes por câncer de mama que seguem em crescimento. Em 1993, o Brasil ultrapassou a marca de 10 mil mortes por câncer de mama, enquanto no ano de 2019 esse número já atingia cerca de 20 mil vidas perdidas pela condição, algo que poderia ser diagnosticado precocemente, com o tratamento adequado e ajustado para cada pessoa. O Dr. Mark Barone, Coordenador Geral do FórumDCNTs salientou que "é um tema que deve ser abordado com muita atenção. As mortes por câncer de mama seguem aumentando no país e precisamos buscar formas para melhorar o diagnóstico e tratamento" (Confira todos os vídeos do evento aqui).

Mark Barone (FórumDCNTs)

As estatísticas levantadas pelo Dr. Mark Barone também foram complementadas pela Dra. Mônica de Assis, Tecnologista do INCA/Ministério da Saúde, que destacou os 60 mil novos casos de câncer de mama que surgiram no Brasil no último ano e que 17% deles poderiam ser evitados por meio de hábitos saudáveis de vida.


"As mortes por câncer de mama seguem aumentando no país e precisamos buscar formas para melhorar o diagnóstico e tratamento"

Muitas questões de extrema importância foram debatidas no mais recente painel do Fórum Intersetorial para Combate às Doenças Crônicas não Transmissíveis (FórumDCNTs), desta vez com a temática "Câncer de Mama: Diagnóstico e Prevenção em Pessoas com Alto Risco", realizado no dia 18 de agosto. O diagnóstico tardio também é classificado como um grande risco e representa 4 em cada 10 mulheres com sintomas da condição. Ainda não existe uma diretriz para mulheres com alto risco de câncer de mama, mas é recomendado que a detecção precoce se baseie no rastreamento em mulheres assintomáticas e diagnóstico precoce em mulheres com sinais e sintomas suspeitos de câncer, ainda mais para os casos em pessoas com alto risco. Após essa primeira etapa, o rastreamento precisa ser equilibrado para compreender os resultados benéficos como tratamentos menos agressivos e evitar riscos como falso-positivo, seja por ansiedade ou excesso de exames.

Mônica de Assis (INCA)

De acordo com o INCA, as mulheres com risco elevado para câncer de mama são definidas em:

  • Mulheres com forte predisposição hereditária decorrente de mutações genéticas. Mais associadas: genes BRCA 1 e 2 (síndrome de câncer de mama e ovário hereditários), TP53 (síndrome de Li-Fraumeni) e PTEN (síndrome de Cowden).

  • Histórico de radioterapia antes dos 36 anos de idade (tto linfoma de Hodgkin).

A representante do INCA também ressaltou que mulheres com idade entre 50 e 69 anos precisam ter um monitoramento ainda mais minucioso, de preferência a cada dois anos, o que não exclui a realização do exame de mamografia em qualquer idade. Portanto, é importante que cada pessoa tenha uma percepção do câncer e de suas vertentes, olhe, palpe e sinta suas as mamas, conheça as alterações suspeitas, principalmente em caso de forte predisposição hereditária com a síndrome de câncer de mama e ovário e histórico de radioterapia antes dos 36 anos de idade, de acordo com estudo do INCA.

Priscila Torres (Biored Brasil)

Mas para que isso aconteça e "independentemente do choque orçamentário da condição, o impacto financeiro para o sistema de saúde jamais será comparado com o impacto nas famílias brasileiras", afirmou a Sra. Priscila Torres, Coordenadora de Advocacy e Responsabilidade Social na Biored Brasil. A jornalista defendeu que o acesso aos recursos de saúde precisam acontecer no tempo certo para gerenciar as condições crônicas não transmissíveis (CCNTs) e a participação social é extremamente importante para isso.


A Sra. Luciana Holtz, Fundadora e Presidente do Instituto Oncoguia, abordou a Plataforma Radar do Câncer, no qual o Instituto Oncoguia compila dados de plataformas públicas, traduz, organiza e deixa palpável e acessível para apresentar ao público.

Luciana Holtz (Oncoguia)

Entre os dados destacados, 55% das pessoas começam o tratamento nos estágios 3 e 4, ou seja, nos dois últimos níveis para o câncer de mama, além de impactantes dados como 3 em cada 10 pessoas com câncer de mama terem menos de 50 anos. Destaca ainda que em praticamente 44%, quase a metade dos casos, a lei dos 60 dias não é cumprida. Porém, a jornada da pessoa fica ainda mais desafiadora quando 11 em cada 20 pessoas precisam sair de sua cidade para manter seu tratamento, realidade das regiões de maior vulnerabilidade social no Brasil.


Katia Audi (ANS)

Mesmo para aqueles que utilizam plano de saúde, 1 a cada 4 pessoas no Brasil, conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), enfrentam grandes barreiras para o acesso ao tratamento de câncer de mama e outras CCNTs. A Sra. Katia Audi, Coordenadora de Indução de Qualidade Setorial na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ressaltou que é muito importante fazer o alerta para esses cuidados com o câncer pelo fato do estilo de vida, ações comportamentais, obesidade, sedentarismo, alimentação não saudável influenciarem no aumento dos casos da condição.

Daniely Votto (IGCC)

O Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC) tem foco no engajamento dos atores locais, coleta e entrada de dados e análise de dados e interpretação dos resultados, com o município no centro da discussão para entender e compreender os gargalos de todo esse ecossistema da oncologia. Para a Sra. Daniely Votto, Diretora Executiva do IGCC, a capacitação dos profissionais de saúde é fundamental em todos os âmbitos da saúde e ainda considera que "é importante pensar global e agir local", frase salientada como fundamental para o Sr. Alessandro Chagas, Membro consultivo do FórumDCNTs e Assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).


“É importante pensar global e agir local”

Alessandro Chagas (CONASEMS)

O especialista lamentou que a fragmentação dos cuidados do câncer de mama impeçam o bom andamento da prevenção e tratamento, e defendeu que a estruturação do processo de regionalização para melhorar o atendimento precisa acontecer pelo trabalho intersetorial, com investimento em rastreamento e no acesso à mamografia, além de aumentar consideravelmente a cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF). De acordo com o IPEA, o Brasil tem apenas 12% de servidores públicos em relação à população, menos do que a média dos países vizinho de 22,5% e dos EUA de 29,5%. “Temos que investir em aumento de cobertura, na Estratégia Saúde da Família. Todo o escopo que podemos colocar nas políticas públicas, no SUS, é por meio da ESF", reforça o Sr. Alessandro.


Já o Dr. Gustavo Ribas, Chefe da Assessoria de Política de Prevenção e Controle do Câncer (ASCCAN) da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal, mencionou que apenas 20% das mulheres são rastreadas no Brasil, quando o mínimo precisa ser de 70%. Apenas no Distrito Federal, o especialista destacou que, na capital brasileira, há atualmente 12 mamógrafos digitais funcionantes, capacidade para executar de 8 a 9 mil mamografias ao mês. Complementou citando a Lei 6733 que institui a realização de exames genéticos em mulheres com risco de câncer de mama.


Com quais planos precisamos nos comprometer intersetorialmente, durante os próximos quatro anos, para melhorar os resultados de prevenção e tratamento do câncer de mama?


O debate do evento online e interativo “Câncer de Mama: Diagnóstico e Prevenção em Pessoas com Alto Risco” reuniu os especialistas participantes para trocarem experiências sobre os planos para que cada um possa se comprometer intersetorialmente, durante os próximos quatro anos, a fim de melhorar os resultados de prevenção e tratamento do câncer de mama.


A Dra. Mônica de Assis abriu o debate com ênfase na atenção ao câncer colorretal, que tem atraído a atenção devido ao aumento de sua incidência, levando o INCA a trabalhar atualmente na construção de uma diretriz. Para a representante do INCA, a colonoscopia precisa ser atendida no SUS de maneira abrangente e, mais do que isso, qualificar cada vez mais a pessoa para conhecer a condição e reconhecê-la em seu corpo. "Importância de uma voz articulada na sociedade para ajudar a tornar realidade", concluiu. Um material por ela indicado foi o Curso EAD sobre detecção precoce do câncer para a atenção básica.


A qualificação do profissional de saúde e de toda a população é uma bandeira defendida ao longo dos painéis, e a Sra. Katia Audi ressaltou que a qualificação e educação contínua é fundamental. Nesse mesmo pensamento, a Sra. Luciana Holtz destacou que o medo, preconceito, falta de acesso à informação também geram incertezas na atenção ao câncer de mama. Ainda apresentou o Programa de Navegação Oncoguia, no qual os navegadores são leigos, ou seja, não são da área de saúde, mas possuem conhecimento mínimo sobre o câncer e, por isso, “não podemos abrir mão de ter a tecnologia ao nosso lado”. O trabalho intersetorial foi mais uma vez salientado e exaltado pelo Sr. Alessandro Chagas, que priorizou em sua fala final uma união mais eficaz no Brasil para a evolução nos cuidados do câncer.


O Dr. Gustavo Ribas também destacou a importância da colonoscopia na atenção da saúde, e detalhou o ETP, o Estudo Técnico Preliminar elaborado pelo departamento de genética de Saúde do DF, para instituir softwares nos cuidados, equipes qualificadas, a fim de cumprir as metas na construção da linha de cuidado, com foco na mamografia. A pré-triagem também teve destaque e importância ímpar na fala da Sra. Daniely Votto, que considerou a estratégia como útil para desafogar em grande escala as filas de pessoas com diversos tipos de câncer. Um sistema eficiente e eficaz passa por teleconsulta para realizar triagem e pré-atendimento.


Por fim, a Sra. Priscila Torres afirmou que é necessário haver diretrizes de tratamento para definir a competência, o orçamento e o que priorizar na atenção à pessoa com câncer. A Estratégia Saúde da Família (ESF) poderia ter um olhar mais voltado para as CCNTs, com atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade social, com mais dificuldades de acessar os cuidados da saúde. "Precisamos de pessoas que sejam ativistas de sua condição de saúde", conclui a especialista.


Publicações da Revista The Economist sobre o câncer de mama no Brasil e no mundo


Abaixo listamos alguns relatórios publicados pela Revista The Economist, um dos principais veículos de comunicação no mundo, que abordam o câncer de mama e complementam a ampla e necessária discussão sobre o tema.


Os materiais foram enviados pelo Sr. Alcir Santos Neto, assistente de pesquisa no Urban Health Collaborative no Departamento de Saúde Internacional da Georgetown University, Washington DC. e incluem as melhores práticas encontradas no mundo, com uma uma perspectiva para o Brasil no primeiro relatório e que contou com a colaboração do especialista:


1) Enfrentando o desafio do câncer de mama metastático: respostas políticas atuais e futuras (Rising to the metastatic breast cancer challenge: current and future policy responses). Acesse aqui.


2) Aprimorando as abordagens centradas na pessoa para otimizar o tratamento precoce do câncer de mama: uma revisão da prática atual e oportunidades de melhoria em Cingapura (Singapore: Enhancing patient-centred approaches to optimise early-breast cancer care: A review of current practice and opportunities for improvement). Acesse aqui.


3) Aprimorando as abordagens centradas na pessoa para otimizar o tratamento precoce do câncer de mama: uma revisão da prática atual e oportunidades de melhoria na Coreia do Sul (South Korea: Enhancing patient-centred approaches to optimise early-breast cancer care: A review of current practice and opportunities for improvement). Acesse aqui.


4) Aprimorando as abordagens centradas na pessoa para otimizar o tratamento precoce do câncer de mama: uma revisão da prática atual e oportunidades de melhoria na Tailândia (Thailand: Enhancing patient-centred approaches to optimise early-breast cancer care: A review of current practice and opportunities for improvement). Acesse aqui.


5) Aprimorando as abordagens centradas na pessoa para otimizar o tratamento precoce do câncer de mama: uma revisão da prática atual e oportunidades de melhoria no Japão (Japan: Enhancing patient-centred approaches to optimise early-breast cancer care: A review of current practice and opportunities for improvement). Acesse aqui.


6) Aprimorando as abordagens centradas na pessoa para otimizar o tratamento precoce do câncer de mama: uma revisão da prática atual e oportunidades de melhoria na Nova Zelândia (New Zealand: Enhancing patient-centred approaches to optimise early-breast cancer care: A review of current practice and opportunities for improvement). Acesse aqui.


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