No dia 08/07, o FórumDCNTs realizou o webinar "DCV e Insuficiência Cardíaca: Tratar para Evitar Óbitos e Complicações", com o objetivo de apresentar o panorama da insuficiência cardíaca (IC) no Brasil, incluindo sua prevalência, políticas e programas de prevenção e tratamento, além de identificar associações entre a insuficiência cardíaca e outras DCNTs, e também engajar os setores público, privado e terceiro setor no enfrentamento desta condição cardiovascular.
A Sra. Patrícia de Luca (FórumDCNTs | AHF) iniciou o evento destacando que a IC é uma condição muito complexa. Dos sobreviventes do infarto agudo do miocárdio (IAM), 19% evoluem para IC. Além disso, as pessoas acometidas por essa condição sofrem repetidas internações e declínio na qualidade de vida.
Em seguida, o Sr. Paulo Fascina (Boehringer-Ingelheim) alertou que as doenças cardíacas são as principais causas de morte nas pessoas no Brasil e no mundo. Estima-se que no Brasil 50% destas mortes sejam provenientes da IC. Um estudo, ainda não publicado, iniciado em 2020 pela Boehringer-Ingelheim junto a Firjan, apontou que no Brasil 200 mil internações são relacionadas a IC, gerando um gasto por internação de R$ 400 milhões ao Sistema único de Saúde (SUS). Além disso, cerca de 70 mil pessoas são aposentadas por invalidez, todos os anos, devido a questões decorrentes da IC, promovendo um prejuízo aos cofres públicos de cerca de R$ 6 bilhões com auxílio-doença, previdenciário e aposentadoria por invalidez.
Segundo Sr. Fascina, apesar dos muitos desafios, ele gosta de reforçar as perspectivas encorajadoras e os esforços que estão dando certo. Como, por exemplo, vinte e quatro entidades, de diversas áreas, que criaram uma coalizão chamada COVID CORAÇÃO, que tinha como objetivo a retomada do monitoramento de saúde de pessoas com condições crônicas, em período pandêmico, e já conseguiu impactar positivamente mais de 25 milhões de pessoas. Além disso, há poucas semanas, a ANVISA aprovou uma nova tecnologia de tratamento para IC com ejeção preservada.
A Dra. Fabiana Marcondes-Braga (SBC | InCor-FMUSP) explicou que há dois tipos principais de IC com cenários distintos, sendo a IC com ejeção de fração reduzida (ICFEr) e IC com ejeção de fração preservada (ICFEp). Em ambos os casos, há fatores de risco associados a IC, porém, de formas diferentes. No Estágio A da ICFEr pode haver fatores de risco que levarão aos estágios mais avançados da condição, como hipertensão, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares e terapia oncológica. A partir do tratamento destas complicações é possível prevenir a progressão da IC. Na ICFEp o predomínio maior é em mulheres, e os fatores de riscos são mais expressivos para o desenvolvimento da IC, tendo destaque o diabetes, obesidade, doenças autoimunes, pré-eclâmpsia, hipertensão, deficiência de ferro, entre outras.
Sabendo os fatores de risco de cada um dos tipos de IC, Dra. Fabiana orienta que é possível agir e tomar medidas preventivas para evitar a evolução da doença, como:
ICFEr:
Manejo da hipertensão e arritmia nas gestantes
Realização de atividade física moderada, cerca 150 min/semana
Manejo glicêmico
ICFEp:
Deve-se estimular o envelhecimento saudável e a prática de atividade física
Controlar a fibrilação arterial
Redução do peso - a resistência à insulina e a obesidade têm maior prevalência em mulheres
Em ambos os casos:
Realizar o manejo da pressão arterial é essencial
Em seguida, Prof. Dr. Luis Beck Silva (SOCERGS | UFRGS) compartilhou que, apesar da IC ter proporções epidêmicas, a evolução no tratamento desta condição, nos últimos 30 anos, também evoluiu. De acordo com Dr. Beck, as mortes devido à IC caíram 60% comparado à década de 1980, graças aos remédios e tratamentos existentes atualmente.
Dr. Álvaro Avezum (SOCESP | FMUSP), acredita que os profissionais da saúde estão no caminho certo, gerando evidências e pesquisando a insuficiência cardíaca, que é uma das áreas que mais tem evidência científica e histórica no mundo.
Por outro lado, Dr. Luís Beck Neto, rebate que as pessoas estão carentes porque elas precisam de remédios que ainda não têm no Sistema Público de Saúde (SUS). Por isso, deve haver uma união entre a sociedade civil, políticos, indústrias e Ministério da Saúde, que devem juntar forças para administrar os remédios para todas as pessoas com IC.
“A parceria entre as associações, profissionais e sistemas de saúde são fundamentais para garantir um bom atendimento a pessoa com esta condição cardiovascular. Além dos medicamentos, temos que levar informação de qualidade para esse público, explicando como é fundamental tratar e prevenir doenças cardíacas”, pontuou Dr. José Francisco Saraiva (SBC | PUC), que também apresentou diversos projetos realizados em parcerias com associações por todo Brasil.
Para o Dr. Álvaro, além da coalizão entre os setores para deixar o tratamento da IC mais acessível, também é importante investir mais na implementação do conhecimento já existente, para que os médicos possam realizar o acompanhamento médico adequadamente, como também, saber se o que está sendo praticado é o que a pessoa espera de seu médico.
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