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Dor Crônica e Neuropática: Desafios, Programas e Políticas - Cobertura do Evento 05/06

Evento Interativo do FórumDCNTs debate sobre os desafios da dor crônica, com ênfase na dor neuropática, os programas e políticas, e o engajamento intersetorial para a temática


O FórumDCNTs realizou na última segunda-feira, dia 5 de junho, o Evento Interativo Dor Crônica e Neuropática: Desafios, Programas e Políticas, mediado pelo Coordenador Geral do ForumDCNTs, Dr. Mark Barone. Logo de início, o Dr. Mark Barone ressaltou que a dor crônica e neuropática é a condição mais prevalente, que atinge ao menos 1 a cada 10 pessoas, e por isso merece a atenção adequada, como o propósito deste evento. (Confira todos os vídeos do Evento aqui).


Dra. Glaucia Duarte (P&G)

Para abertura e contextualização da temática, a Dra. Glaucia Duarte, Gerente Médica na Procter & Gamble (P&G), agradeceu a oportunidade de discutir sobre o tema dor crônica e neuropática, condição que atinge cerca de 10% da população mundial. Em seguida, a Sra. Eloisa Malieri, Mentora do Projeto Social voltado para a comunidade de diabetes, Elo & Bete, Embaixadora da ONG Unidos pelo Diabetes de Itabuna e ativista por políticas públicas e privadas em prol da saúde, destacou que o assunto é muito importante, porém pouco discutido.

Sra. Eloisa Malieri (Elo & Bete)


Para ela, a dor crônica e neuropática é uma condição muito comprometedora e pode ser agravante sem a correta orientação, portanto “a importância de trazer informações relevantes para quem convive com a condição", assim como para as pessoas que têm diabetes não terem suas vidas impactadas, afinal são quase 20 milhões de brasileiros com diabetes e cerca de metade não sabe que tem a condição.



Dr. Carlos Barros (SBED)

Para o início das apresentações, o Dr. Carlos Barros, Presidente eleito da Sociedade Brasileira para Estudos da Dor (SBED), discorreu sobre a melhor definição para a palavra "dor", que seriam “momentos que a pessoa perde em sua vida seja com a família, seja para trabalhar ou até mesmo para assistir ao filme”, ou seja, nos momentos que podem ser os mais comuns na vida de um ser humano. No Brasil, entre 25% a 47% dos adultos têm dor crônica, e 66% dos idosos têm dor crônica alguma vez na vida. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 30% das pessoas vivem com dor crônica e desse número, de 8 a 10% enfrentam os impactos dessa condição.


A neuropatia por diabetes é uma das condições mais limitantes na opinião do Dr. Calos Barros, e o diabetes é a sétima principal causa de dias vividos sem qualidade, de acordo com o YLD - Anos vividos com deficiência X 1000. Das 13 principais causas, oito estão relacionadas à dor crônica e neuropática, como dor lombar, no pescoço e enxaqueca. Ele ainda ressalta que o grande desafio é educacional, para possibilitar as políticas públicas e que atualmente há apenas a resolução do Sistema Único de Saúde (SUS), Portaria SAES/MS Nº 1399 de 17/12/2019, artigo 23, na qual cita "dispor de protocolos ou diretrizes de boas práticas para controle da dor".


Dra. Hermelinda Pedrosa (D-Foot | IDF | SBD)

E para definir o que é prioritário na jornada da pessoa com dor crônica e dor neuropática no sistema público ou privado de saúde, a Dra. Hermelinda Pedrosa, Diretora de Assuntos Governamentais da SBD e Vice-presidente D-Foot Internacional e Vice-Presidente da IDF, e membro do Conselho Consultivo do FórumDCNTs, destacou o comprometimento da dor crônica e neuropática dos nervos periféricos e cada vez mais há casos de infecção no pé de pessoas com diabetes e síndrome metabólica, com presença crescente em pessoas mais jovens. A neuropatia no diabetes, um amplo espectro de condições clínicas heterogêneas, afeta pessoas com diabetes tipo 1 e 2, pré-diabetes, síndrome metabólica e jovens, e sua prevalência ao longo da vida é superior a 50%.


Já a polineuropatia traz casos de dor, quedas, sensibilidade, e resulta em má qualidade de vida, mas é frequentemente negligenciada. Atualmente, 1 a cada 4 pessoas com diabetes tem polineuropatia dolorosa por diabetes (aproximadamente 26%). “É preciso reconhecer os sintomas de neuropatia e a partir dele passar por exames para o diagnóstico clínico” e assim disponibilizar medicamentos e terapias farmacológicas de primeira linha no SUS, completa a Dra. Hermelinda Pedrosa.

Dra. Monique Cerqueira (UNEB | CEDEBA)

Dando continuidade com os exemplos de sua atuação, a Dra. Monique Cerqueira, Professora auxiliar do curso de Medicina na Universidade do Estado da Bahia e Cirurgiã Vascular na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, enfatizou a situação de casos de infecção no pé de pessoas com diabetes e que ocorre na perda de sensibilidade dos membros. A Dra. Monique avalia que há muita frequência de pessoas com dores nos membros inferiores, e que podem fazer parte de um quadro de neuropatia, porém o cenário é de grande desconhecimento sobre a condição, seus sintomas e as estratégias para o seu tratamento, portanto ela segue sendo subdiagnosticada.


Para ela, por ser uma condição multicausal, ainda é difícil encontrar a melhor coordenação e tratamento para essas pessoas. Avançar na comunicação entre usuários dos sistemas de saúde e profissionais de saúde é fundamental para também progredir em ações intersetoriais, que vão muito além dos aspectos físicos e psíquicos.

Sra. Alcina Romero (SESAB | CONASS)

E além do estado da Bahia, a missão dos outros estados brasileiros na organização e desafio da dor crônica e neuropática, a Sra. Alcina Romero, Diretora da Atenção Especializada da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB), citou que o primeiro e grande desafio seria atender todo o território da Bahia com quase 15 milhões de habitantes. Foi apresentado a organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) nos aspectos de Suficiência Municipal, Regional, Macrorregional e Estadual nas 28 regiões de saúde do estado, desde a Atenção Primária à Saúde (APS) até ações e serviços de média e alta complexidade com oferta suficiente.


Os grandes desafios, em sua opinião, estão em organizar o acesso às Policlínicas Regionais por Linha de Cuidado; planejar necessidades; cuidado multidisciplinar; dispensação de medicamentos; e integração com outros recursos necessários.

Sr. Fernando Freitas (SAPS - Ministério da Saúde)

Antes do debate o representante do Ministério da Saúde, o Sr. Fernando Freitas, Analista Técnico CGCTAB/DEPROS/SAPS/MS, trouxe importantes números sobre as condições crônicas e a relação com a dor crônica e neuropática no Brasil. Em 2023, de acordo com o SISAB, 36 milhões de pessoas com hipertensão (21,2% da população cadastrada), 14 milhões de pessoas com diabetes (8,6% da população cadastrada) e 6 milhões de pessoas com obesidade (31,8% da população cadastrada) foram cadastradas na Atenção Primária à Saúde. O SIM em 2022 também constatou que 65 mil das mortes estavam relacionadas à hipertensão, 75 mil óbitos estavam ligados ao diabetes e 3 mil mortes com relação à obesidade. Entre os impactos financeiros que o diabetes, obesidade e hipertensão trouxeram, cerca de R$ 3,84 bilhões de custo com internações e R$ 166 milhões com custos ambulatoriais.


O Sr. Fernando Freitas também ressaltou a importância da Atenção Primária à Saúde e afirmou que o Ministério da Saúde busca uma APS a cada dia mais resolutiva, com a pessoa sendo acompanhada de todas as formas possíveis com equipe médica, de enfermagem e todos os profissionais relacionados. “Independentemente de onde o profissional vai conduzir na RAS a pessoa, a APS nunca vai deixar de acompanhar o usuário. A atenção primária à saúde precisa estar junto da pessoa para o acompanhamento”, conclui.


Outro dado de destaque foram os indicadores de cuidado, que entre 13% e 22% das pessoas com diabetes passaram por exame de hemoglobina glicada em 2022, mas a meta do Ministério da Saúde é atingir 50% das pessoas com DM. Apenas 1,23% de pessoas com diabetes passaram por avaliação de infecção no pé em 2022 e 7,42% de pessoas com diabetes passaram por exame de hemoglobina glicada em 2022. Por fim, o número de atendimentos de polineuropatia em pessoas diabetes passou de 8.933, em 2021, para 10.832 em 2022.


Debate: Como agir intersetorialmente para melhorar prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de qualidade para dor crônica e neuropática?


O Dr. Carlos Barros, voltou a destacar que a dor crônica tem tratamento e o Brasil é um dos países mais avançados no tema, sendo o país com a maior Sociedade de Dor da América Latina. Mas para isso é necessário que a parte educacional esteja alinhada para reconhecer a dor crônica e neuropática desde o momento de formação dos profissionais.

A Dra. Hermelinda Pedrosa citou a importância de retomar a política de capacitação para que possa ser plenamente exercida, e reiterou as falas do Dr. Carlos Barros em capacitar os profissionais, além de ter uma política de saúde. Ela ainda ressaltou a produção de um documento da D-Foot International para chegar aos ministérios. Mesmo panorama que a Dra. Monique Cerqueira enfatizou quanto ao treinamento de enfermeiros, médicos e todos os profissionais de saúde. Em complemento, a Sra. Alcina Romero ressaltou que os profissionais da Atenção Primária à Saúde devem acompanhar todas etapas da pessoa que esteja com dor crônica. As políticas integrativas tendem a contribuir com essa promoção com o projeto piloto de integração de toda a rede na Bahia.


Na sequência a Sra. Eloisa Malieri apontou que os desafios e problemáticas precisam ser vistos com atenção desde a base, seja em âmbito público ou privado. O exemplo dado foi de pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2, mas que já passaram por consequências negativas dessa condição até essa descoberta.


O Dr. Mark Barone destacou a participação ativa do público durante o evento e ainda trouxe a informação alarmante sobre a obesidade. “Mais de 50% das pessoas com obesidade tem dor crônica. Não é só o diabetes, o câncer ou a obesidade, são muitas condições que estão ligadas diretamente com a dor”, completou. O Sr. Fernando Freitas corroborou com as colocações e analisou que a pessoa precisa estar no centro das atenções e que o acompanhamento deve acontecer não apenas em momentos em que ela necessite de algum serviço de saúde.


Por fim, a Dra. Glaucia Duarte destacou mais uma vez a capacitação dos profissionais de saúde para lidarem com dor crônica e neuropática e que o trabalho intersetorial é essencial para promover o debate e trocas de ideias. E não apenas os profissionais precisam da capacitação, mas toda a sociedade também precisa ser parte deste processo, entender como acontece o atendimento na saúde, o acompanhamento adequado, o que propicia o fortalecimento da saúde.


A dor crônica e neuropática precisa ter seu espaço devidamente respeitado para sensibilizar cada vez mais a sociedade em seus riscos para a saúde, assim como a forma educacional de trabalhar com a condição. Debates intersetoriais, políticas públicas e atendimento adequado desde o início do acompanhamento, individualizado e humanizado, são extremamente importantes e o FórumDCNTs fomenta e busca engajar essas ações intersetoriais.


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