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Vacinas: Atualizações, Avanços e Perspectivas - Cobertura do Evento 24/04

Evento Interativo do FórumDCNTs debate sobre o status da cobertura vacinal no Brasil, a otimização do acesso a vacinas nos CRIEs para pessoas com CCNTs e quais ações podem ser tomadas para esses avanços


O FórumDCNTs realizou na última segunda-feira, dia 24 de abril, o Evento Interativo “Vacinas: Atualizações, Avanços e Perspectivas - Grupos Prioritários, CCNTs/DCNTs e Toda a População”, mediado pelo Coordenador Geral do FórumDCNTs, Dr. Mark Barone. O encontro de especialistas na Semana Mundial de Vacinação debateu sobre diversos pontos acerca da baixa cobertura vacinal no país, além do alarmante dado que 88,9% das mortes por Influenza aconteceram em pessoas com fatores de risco, como doenças cardiovasculares e diabetes. (Confira todos os vídeos do Evento aqui).

Dr. Mark Barone, Coordenador Geral do FórumDCNTs

O Dr. Mark Barone abriu o evento interativo com as boas-vindas aos painelistas e aos espectadores, contextualizou a temática da live e engajou a todas as pessoas, com CCNTs/DCNTs ou não, a se vacinarem. Uma nova publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que ¾ (75%) das crianças perderam vacinas em 20 países durante o ano de 2021, e o Brasil é uma das nações que está entre os elencados pelo estudo, fato que causa preocupação durante e no pós-pandemia.

Sra. Lely Guzmán, Especialista em Imunização da OPAS

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), juntamente com os países e territórios da Região das Américas e seus parceiros, promovem a 21ª Semana de Vacinação nas Américas (SVA) e a 12ª Semana Mundial de Imunização (SMI), que acontecem entre os dias 22 e 29 de abril de 2023. A partir dessa campanha, a Sra. Lely Guzmán, Especialista em Imunização da OPAS no Brasil, ressaltou a força do Brasil em seu programa de vacinação há 50 anos, com a erradicação da poliomielite, por exemplo, além de bons trabalhos contra o tétano neonatal e sarampo. O combate às fake news sobre as vacinas também precisa ser constante e de todos os setores, assim como a capacitação e renovação dos profissionais de saúde. A Sra. Lely também demonstrou preocupação pela confirmação de um caso de poliomielite aguda no Peru, país que faz fronteira com o Brasil nos estados do Acre e Amazonas. Outro caso também aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos, em agosto de 2022, quando um jovem com contato direto com água de esgoto foi contaminado.

Dr. Eder Gatti, Diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde

O Dr. Eder Gatti, Diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, também confirmou que faltam as doses orais contra a poliomielite. Ainda sobre as vacinas, há estoque de imunizantes como Monovalentes e Meningite B, enquanto vacinas contra Tríplice viral e Hepatite B estão em estado limítrofe.


Na sequência a Dra. Margareth Dalcolmo, Presidenta da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e Embaixadora do Movimento Nacional pela Vacinação, afirmou o compromisso da SBPT para a cobertura vacinal da população adulta ao informar que 13% da população brasileira tem asma, DPOC, enfizemas pulmonares e doenças respiratórias, as quais são agravadas sem as imunizações necessárias.

Dra. Margareth Dalcolmo, Presidenta da SBPT

Para a Dra. Margareth é fundamental aumentar a cobertura de vacinas para o vírus da Influenza e a incorporação de novos imunizantes também para a população adulta, por exemplo com relação ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e vacinas antipneumocócicas, assim como recuperar a vacina BCG, que protege contra formas graves de tuberculose em recém-nascidos, até 2025 e recomendar a vacina em duas doses contra Herpes Zóster, principalmente para pessoas com condições respiratórias, assunto que ganhou desdobramentos com o Dr. Renato Kfouri.

Dr. Renato Kfouri, Primeiro Secretário da SBIm

O Primeiro Secretário da Sociedade Brasileira Imunizações (SBIm) explicou que o Herpes Zóster seria uma reativação da catapora que se apresenta na infância e que a sua incidência é maior em pessoas imunocomprometidas comparado a população em geral, sendo cerca de nove vezes maior. Outra condição citada pelo Dr. Renato foi a pneumonia pneumocócica, em que a taxa de hospitalização por 100 mil habitantes é 22 vezes maior a partir dos 65 anos, na comparação dos adultos entre 18 e 44 anos de idade (12,1 para 274,1). Um alento são as possíveis chegadas das vacinas penumo - 15 e pneumo – 20, já licenciadas em outros países.


Em complemento, o Dr. Eder Gatti demonstrou preocupação com a queda da cobertura vacinal no Brasil que acontece desde 2015 e como os movimentos antivacinas desafiaram ainda mais o Programa Nacional de Imunização. Para ele, organizar os sistemas de informação é fundamental, já que o sistema nominal precisa continuar e reunir os documentos de cada pessoa, como o CPF e a carteira de vacinação. A articulação envolve a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), por conta do e-SUS e DataSUS. Também anunciou uma ação nacional de multivacinação em municípios prioritários pelo Brasil, com os menores indicadores, no segundo semestre, inclusive com ações nos estados do Acre e Amazonas pelo caso de poliomielite no Peru, confirmado no fim de março deste ano, como mencionou a Sra. Lely Guzmán.

Profª Tércia Moreira, que atua na Escola de Enfermagem da UFMG

E não apenas a questão da poliomielite ganhou destaque, como a baixa cobertura vacinal contra o HPV também. A Profª Tércia Moreira, Professora e Pesquisadora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou o status atual da cobertura vacinal no país com dados iniciais do ano de 2020, quando a cobertura da vacina contra o sarampo foi de 73%, enquanto 83% das crianças com menos de um ano foram vacinadas contra a poliomielite. O estudo apresentado pela Profª Tércia teve como tema central a vacinação contra o HPV, um dos imunizantes afetados pela pandemia de COVID-19 e que não atingiu a meta de vacinar 80% dos meninos e meninas entre 9 e 13 anos. Em 2014, porém, houve o primeiro “golpe” com a divulgação midiática em Bertioga-SP, que ocasionou a interrupção das campanhas de vacinação nas escolas por supostas reações da vacina, quando na verdade eram reações de ansiedade pós-vacina.


A seguir foi apresentado um estudo com base da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) de 2019, com uma amostra composta por 160.721 estudantes de escolas públicas e privadas, com idade entre 13 e 17 anos. No Brasil, 62,9% dos escolares que participaram da PeNSE referiram que foram vacinados contra o HPV, mas com diferenças quanto ao sexo, dependência administrativa da escola e regiões, sendo 76,1% entre as meninas e 49,1% entre os meninos. Grande parte dos não vacinados afirmaram que o principal motivo era não saber que precisava ser imunizado, sendo Alagoas o estado mais afetado com 65,12%, e Santa Catarina o estado menos afetado com 32,03%. Nas escolas públicas, o principal motivo entre os não vacinados foi a distância e/ou dificuldade para ir até a unidade de serviço, enquanto nas escolas privadas a mãe, o pai ou responsável “proibiu” seus filhos de serem vacinados.

Dra. Helena Sato, Diretora Técnica na SES-SP

A Dra. Helena Sato, Diretora Técnica na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), complementou a situação da vacinação contra o HPV, e salientou que desde 2016 o Estado de São Paulo não atinge suas metas nas coberturas vacinais. A imunização contra o HPV, que em 2014 vacinava apenas as meninas entre 11 e 13 anos de idade, com o intuito principal de prevenir o câncer de colo de útero, atualmente atende meninos e meninas entre 9 e 14 anos, assim como homens e mulheres até 45 anos vivendo com HIV/Aids, e pessoas com câncer.


Dra. Lorena Diniz, médica do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE-GO)

A Dra. Lorena Diniz, Médica do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE-GO) e que atende as pessoas em situação de vulnerabilidade, como aquelas com CCNTs, destacou que caso uma cidade e/ou estado não tenha um CRIE presencial, é possível acessar o CRIE virtual para que essa vacinação aconteça in loco, de acordo com a necessidade da pessoa, tudo de forma gratuita. Em Goiás, por exemplo, são mais de 2 mil pessoas atendidas por mês e que esse número pode ser aumentado, mas apesar desse fato, a Dra. Lorena Diniz lamentou o desconhecimento da maioria da população com relação aos CRIE, que funcionam como um centro ampliado para vacinação, principalmente para aqueles que estão dentro dos requisitos para serem atendidos.

Sr. Alessandro Chagas, Assessor Técnico do CONASEMS

Na sequência o Sr. Alessandro Chagas, Assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), destacou o trabalho com o ImunizaSUS, financiado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, que funciona a partir de três eixos: educacional, comunicação e pesquisa, além de promover oficinas regionais e interiorizar esses resultados. O Sr. Alessandro Chagas também ressaltou que o Brasil precisa avançar nas Estratégias Saúde da Família para qualificar a Atenção Básica no Brasil. Ainda, ele salienta que a incorporação das vacinas deve ser acompanhada do financiamento adequado, para que assim os municípios implementem as políticas de vacinação.

Dr. Renato Kfouri, Primeiro Secretário da SBIm

E para qualificar ainda mais a discussão, o Dr. Renato Kfouri adicionou outro assunto relevante para a discussão e que completa o tema, a importância da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que é causa de doenças em todas as idades, principalmente em pessoas com doenças respiratórias. Apenas nos Estados Unidos foram 137 mortes em crianças com menos de 5 anos e aproximadamente 17 mil mortes em adultos a partir dos 65 anos. A vacina contra a Influenza também foi enfatizada, onde dados apresentados do “SRAG – óbitos por influenza 2019” ressaltam que 88,9% das mortes aconteceram em pessoas com fatores de risco, sendo a maior parte em pessoas com doenças cardiovasculares (25%), diabetes (23,9%) e pneumopatias crônicas (9,1%).


Dr. Nésio Fernandes, Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde

Também, o Dr. Nésio Fernandes, Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, apresentou o cenário da vacinação no âmbito do SUS, com a definição do Calendário Nacional de Vacinação, e afirmou que os imunizantes precisam chegar em todas as crianças e jovens. Portanto, a importância de atingir as metas de vacinação está baseada em três eixos: a Atenção Especializada à Saúde; Atenção Primária à Saúde e; Saúde Indígena.


As dificuldades em atingir números satisfatórios na cobertura vacinal passam por problemas como:

  • Complexidade do calendário de vacinação;

  • Baixo alcance das campanhas;

  • Burocratização no acesso;

  • Fragilidade nos sistemas de informação;

  • Profissionais desmotivados;

  • Teses antivacinas.

Para melhorar o cenário atual, o Dr. Nésio Fernandes levantou algumas considerações como:

  • Registrar de forma simplificada;

  • Integrar os sistemas de informação com a rede privada;

  • Estimular o uso de plataformas de agendamento online;

  • Expandir e qualificar 70 mil equipes pelo Brasil na Estratégia Saúde da Família (ESF).

Dr. Mauricio Mendonça, Diretor de Public Affairs da Sanofi para o Brasil

Encerrando as apresentações, o Dr. Mauricio Mendonça, Diretor de Public Affairs da Sanofi para o Brasil, fomentou a importância de construir parcerias intersetoriais como parte do processo de solução para a cobertura vacinal. Os três pilares para serem aprofundados seriam a gestão com maior participação do setor privado; investimentos estruturais na parte público-privada para dar sustentação; e a inovação em novas tecnologias que propiciam a evolução no abastecimento de vacinas no futuro.


Debate - Engajamento dos diferentes setores para ampliar cobertura vacinal, conhecimento sobre e busca por CRIE


Dando início ao debate, o Dr. Renato Kfouri reforçou sobre a importância da entrada das novas vacinas nos CRIE, e a necessidade da incorporação mais breve possível das vacinas contra Herpes Zóster, HPV e novos imunizantes. Corroborando a essa fala, a Dra. Lorena Diniz citou o exemplo nos CRIE do órgão que faz dispensação de medicamentos de alto custo e foi pedido que, como parte dos documentos, o cartão de vacinação esteja presente para encaminhar e orientar adequadamente o público quanto a imunização.


Na sequência, a Dra. Helena Sato destacou o calendário de vacinação do Brasil como um dos melhores do mundo e a importância da gestão técnica na cobertura vacinal, participação em eventos, assim como a melhoria multifatorial nas novas tecnologias e inovações para aumentar as imunizações. Já o Sr. Alessandro Chagas mostrou preocupação pela falta de vacinas e que as campanhas mostram que a cobertura atenção básica não está funcionando, assim como menos de 30% da Estratégia Saúde da Família funciona no país. Ele ainda defendeu que a saúde não deveria estar no teto de gastos.

Na sequência, Dra. Lely Guzmán destacou o combate contra a poliomielite, a qual deve ser uma luta de todos, assim como a promoção de um calendário de vacinas que seja viabilizado para toda a família. Por fim, a Profª Tércia Moreira exaltou que todos os resultados com relação aos estudos precisam ser simplificados e chegar ao grande público para ser acessível e combater a desinformação, o que pode alavancar mudanças intrínsecas pelo país a fim de aumentar a cobertura vacinal.


A parceria intersetorial entre diferentes atores propicia melhorias na cobertura vacinal no Brasil, além de engajar e fomentar o combate às CCNTs existentes. Enfrentar as fake news e movimentos antivacina, e sobretudo melhorar a comunicação com profissionais de saúde e com todas as pessoas, para que as vacinas sejam aliadas desde os primeiros anos de vida, até entre as pessoas com idade mais avançada, com comorbidades ou não. O desafio é de todos!


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