Através da presente recomendação, FórumCCNTs, convida os parceiros e todas as pessoas físicas e entidades interessadas a contribuírem, até o dia 07/10/2024, com a Consulta Pública n° 63/24, para apresentação de recomendações a respeito da avaliação de incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) da tecnologia: "Insulinas análogas de ação prolongada para tratamento do diabetes mellitus tipo 2" (glargina, detemir e degludeca) por meio do seguinte link:
A referida Consulta Pública estará aberta pelo prazo de 20 (vinte) dias - até o dia 07/10/24, para o envio das contribuições do público interessado, por meio da plataforma Participa + Brasil. A demanda foi apresentada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde - SECTICS, nos autos de NUP 25000.112216/2024-23. A Secretaria-Executiva da Conitec avaliará as manifestações apresentadas a respeito da matéria.
A Conitec recomendou inicialmente, ao SUS, a incorporação isolada da insulina análoga glargina e a não incorporação das análogas detemir e degludeca para pessoas com diabetes tipo 2. O FórumCCNTs não é a favor da incorporação de uma molécula, mas sim da classe de insulinas análogas de ação prolongada de forma ampla.
O Fórum Intersetorial de CCNTs no Brasil (FórumCCNTs), iniciativa fundada em 2017 com o objetivo de promover parceria entre as principais instituições dos setores público, privado e terceiro setor para o enfrentamento da principal causa de mortes no país - as condições crônicas não transmissíveis (CCNTs) - e que hoje conta com a participação de mais de 200 instituições, recomenda a incorporação da classe de insulinas análogas de ação prolongada para tratamento do diabetes mellitus tipo 2.
Sobre a contribuição - Primeiramente, destacamos a essencialidade que a avaliação dos análogos de insulina leve em conta a classe como um conjunto, descartando-se a hipótese de incorporação de uma molécula específica. Isto porque a incorporação de uma molécula específica pode restringir a competitividade por preço e incorrer no risco de não ser possível sua substituição em caso de desabastecimento da molécula.
Diante ainda do fato da saída das insulinas NPH e Regular em canetas do mercado, restando apenas frascos para uso com seringa, salientamos a importância que haja a aprovação de análogos em caneta de aplicação para DM2. A saída das canetas de aplicação, já anunciada pelo fabricante, impõe importante barreira para a continuidade dos cuidados de pessoas com DM2, usuárias de insulina, visto que as canetas de aplicação garantem maior facilidade e precisão na aplicação da dose de insulina prescrita, melhorando engajamento no autocuidado e reduzindo graves riscos associados à aplicação de dose maior ou menor que a recomendada.
Salientamos aspectos referentes aos parâmetros utilizados na avaliação, bem como aspectos relacionados ao escopo desta demanda, qual seja, a possibilidade iminente de falta de insulinas NPH e regular no mercado brasileiro.
Os resultados do estudo Dehghani et al. (2024) sugerem que as diferenças observadas mostraram superioridade entre o uso de análogos de insulina de ação prolongada, em relação à insulina NPH, sendo que uso de análogos de insulina de ação longa está associado a menor risco de ocorrência de qualquer evento de hipoglicemia e hipoglicemia noturna. Sendo assim, resta completamente viável a incorporação desta classe terapêutica, sob o ponto de vista da eficácia e segurança das tecnologias analisadas.
Por fim, entendemos que a incorporação das insulinas análogas deve ser embasada em um algoritmo claro e atualizado, que oriente os profissionais de saúde sobre a escolha adequada para cada pessoa, considerando fatores individuais e evidências científicas.
Reiteramos que o FórumCCNTs convida todas as pessoas físicas e entidades interessadas a participarem nesta Consulta Pública, através dos links abaixo.
Acesse o Relatório Técnico para leitura caso queira analisar tecnicamente as evidências científicas sobre eficácia, segurança, custo-efetividade e análise de impacto orçamentário.
Acesse o Relatório para a sociedade para leitura caso queira ter uma visão geral e ampla sobre a avaliação realizada.
Acesse o Formulário de contribuição para enviar suas sugestões.
Referências sugeridas
1. BISCHOFF, H. et al. Insulin analogues: Differences and similarities. Diabetes Care, v. 27, n. 4, p. 1075-1080, 2004.
2. JENKINS, D. J. A. et al. Insulin analogues and their role in diabetes management: A review of the evidence. Canadian Journal of Diabetes, v. 32, n. 2, p. 141-151, 2008.
3. SOLOMON, D. A.; FISCHER, L.; RODRIGUEZ, A. Long-acting insulin analogs: A review of their clinical efficacy and safety in type 2 diabetes mellitus. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 95, n. 4, p. 1485-1496, 2010.
4. HOLT, R. I. G.; GILBERTSEN, S.; HANSEN, T.; MADSEN, J.; NIELSEN, K.; NIELSEN, M.; WHITTAKER, P.; WILSON, P.; ZIMMERMAN, J. The role of long-acting insulin analogues in the management of type 2 diabetes mellitus: An overview of recent studies and guidelines. Diabetes Research and Clinical Practice, v. 92, n. 1, p. e1-e5, 2011.
5. GARG, S.K.; KAPOOR, A.; BANSAL, D.D.; ANAND, S.K.; GUPTA R.K.; SHARMA R.K.; MEHTA V.K.; RANA A.C.; MEHTA M.M.; SHARMA V.P.; SOLANKI K.C.; VERMA S.K.; VYAS S.P; YADAV P.S Insulin therapy in type 2 diabetes: An overview of long-acting insulin analogues in clinical practice: An Indian perspective. Indian Journal of Endocrinology and Metabolism, v. 16, n. 3, p. 394-398, 2012.
6. MÖDLER, H., et al Long-acting insulin analogs for the treatment of type 2 diabetes mellitus: Efficacy and safety profile based on clinical trials and real-world studies: A comprehensive review.Diabetes Technology & Therapeutics, v. 16, n. S1 (Supplement), p.S59-S68, 2014.
7. NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH (NIH). Long-acting insulin for type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials.Diabetes Care, v. 37 n.supplement_3 , p.S67-S73 ,2014.
8. JOVANOVIC L., et al The role of long-acting insulin analogs in the management of type 2 diabetes mellitus: Clinical evidence and practical considerations.Endocrine Reviews, v .35 ,n .3 ,p .450-468 ,2016.
9. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION (ADA). Standards of medical care in diabetes—2017.Diabetes Care, v .40 ,n .Supplement_1 ,p .S1-S135 ,2017.
10. CARRAULTI H., et al Long-acting insulin analogs for the treatment of type 2 diabetes mellitus: Efficacy and safety based on recent guidelines.Diabetes Spectrum, v .30 ,n .3 ,p .174-182 ,2017.
コメント