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Asma: desafios e estratégias de sucesso para uma condição com alta taxa de mortalidade no Brasil

Em evento realizado pelo FórumCCNTs, especialistas discutiram a prevalência, o diagnóstico e o tratamento da asma, destacando a importância da educação e das políticas públicas para melhorar os cuidados com a condição crônica


No dia 12 de junho de 2024, o FórumCCNTs realizou o evento "Asma: revertendo a necessidade não atendida no Brasil". A asma, condição crônica que afeta milhões de brasileiros, representa um desafio significativo para o sistema de saúde do país.


Paulo Corrêa, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), destacou que a asma afeta cerca de 20 milhões de adultos no Brasil, com 5 a 10% desses casos classificados como asma grave. Ele enfatizou que, mesmo com tratamento otimizado, a asma grave frequentemente não é controlada, aumentando o risco de complicações sérias como exacerbações graves e hospitalizações. Aproximadamente 70% das pessoas com asma grave apresentam perfil eosinofílico, caracterizado pela necessidade aumentada de medicamentos, exacerbações frequentes e limitações na função pulmonar, o que impacta significativamente sua qualidade de vida diária.


Zuleid Mattar, da Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA), destacou que "apenas uma pequena parcela das pessoas com asma, aproximadamente 12,3%, mantém a condição com bom manejo, enquanto a maioria enfrenta níveis variados de falta de controle, o que pode resultar em exacerbações frequentes e complicações severas".


A necessidade de uma abordagem coordenada e integrada entre os diferentes níveis de atenção à saúde foi ressaltada como fundamental para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida das pessoas com asma, conforme discutido por Sonia Martins, do CAPA | GEPRAPS: "Estratégias que envolvem a Atenção Primária à Saúde têm mostrado impactos positivos ao facilitar o acesso precoce ao diagnóstico e ao tratamento adequado".


Durante sua fala, Flávia Lima, representante da Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas (ABRAF), destacou que, entre as pessoas com asma que procuram a Central do Pulmão, 67% utilizam o SUS, 31% a rede privada e 3% ambos os sistemas. A maioria das pessoas com asma depende exclusivamente do sistema público. As principais demandas incluem informações sobre tratamento, serviços de saúde, sintomas da asma, direitos sociais e falta de medicações. Flávia também ressaltou que, além dos desafios clínicos, como o manejo de sintomas e a escolha de terapias, as barreiras socioeconômicas são obstáculos significativos: "A falta de acesso regular a medicamentos essenciais, especialmente através do SUS, continua a ser uma preocupação central". Ela destacou a alta prevalência de asma não controlada, a necessidade de novas tecnologias para tratamento da asma grave e a má adesão às medicações controladoras, enfatizando a importância de educação continuada para profissionais de saúde, pessoas com a condição e cuidadores.


No entanto, Pedro Dias, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, do Ministério da Saúde, destacou que "iniciativas recentes têm procurado mitigar esses desafios, incluindo a ampliação do acesso a tratamentos eficazes e a implementação de políticas de saúde voltadas para a educação contínua de pessoas com asma e profissionais de saúde". Durante sua fala, Pedro destacou números alarmantes: aproximadamente 20 milhões de fumantes (12,8% da população adulta), 8,4 milhões de pessoas com asma (6,1% da população adulta) e cerca de 7 milhões com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Esses dados refletem diretamente nos índices de internação, com 80,3 milhões de casos atribuídos à asma, resultando em um custo estimado de R$ 803 milhões para a saúde pública. Em 2023, a atenção primária realizou 1.967.737 atendimentos relacionados à asma, com 2.534.316 pessoas cadastradas, sendo São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais os estados com maior concentração de casos. Pedro ressaltou as ações em curso para enfrentar esses desafios, incluindo a implementação de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas específicas, o fortalecimento das linhas de cuidado para tabagismo, asma e DPOC, e iniciativas de telespirometria e teleconsultoria para melhorar o acesso aos serviços de saúde.


"Sabemos que a asma e a DPOC são doenças prevalentes, afetando milhões de brasileiros. No entanto, muitas vezes o cuidado se limita ao tratamento das crises agudas, ignorando o potencial de intervenção precoce e de manejo contínuo", enfatizou Sônia Martins, representante do Grupo de Estudos e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária (GEPRAPS).


Os dados apresentados indicaram que a falta de conscientização e de capacitação adequada contribui significativamente para o subdiagnóstico e tratamento inadequado dessas condições. "É fundamental aumentar a conscientização entre profissionais de saúde e a população em geral sobre asma e DPOC", afirmou Álvaro Cruz, destacando a necessidade urgente de programas educacionais contínuos e de campanhas de saúde pública direcionadas.


Marcelo Cardoso, pneumologista atuante em Itapetininga, compartilhou experiências sobre a implementação bem-sucedida de programas locais, incluindo treinamento intensivo para profissionais da atenção primária e uso de tecnologias como telespirometria para melhorar o acesso ao diagnóstico precoce.


"Estamos focados em construir uma linha de cuidado eficiente, integrando todas as etapas da jornada da pessoa com a condição, desde o diagnóstico até o tratamento contínuo", explicou Cardoso, destacando os benefícios de protocolos municipais adaptados e parcerias estratégicas com instituições de pesquisa e organizações não governamentais.


Maria José Evangelista, representando o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), ressaltou os desafios estruturais enfrentados pelo sistema de saúde brasileiro na organização da atenção primária. "Precisamos avançar na integração entre os diferentes níveis de atenção à saúde, garantindo que a atenção primária seja fortalecida com capacitação adequada e suporte contínuo", afirmou.


Pedro Dias, analisando o panorama epidemiológico, sublinhou a necessidade de políticas públicas robustas para enfrentar os fatores de risco, como tabagismo e poluição do ar, que contribuem para o aumento da incidência de doenças respiratórias crônicas.


O debate final destacou a importância de unir esforços em todo o país para melhorar rapidamente os cuidados com a asma, implementando práticas inovadoras, fortalecendo a capacitação profissional e promovendo um sistema de saúde mais integrado e eficiente.



Durante o evento, Zuleid Mattar destacou a tratabilidade da asma, contrastando com as estatísticas que persistem, com 5 a 6 mortes diárias e aproximadamente 250 óbitos infantis anuais devido à condição. Enquanto o Brasil avança em direção a melhores cuidados para a asma, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as pessoas com asma tenham acesso equitativo a tratamentos eficazes e cuidados coordenados. Como ressaltou Mark Barone, Coordenador-geral do FórumCCNTs, "a colaboração entre os setores público, privado e terceiro setor é essencial para enfrentar os desafios persistentes e melhorar os resultados de saúde para aqueles que vivem com asma no país".


Para mais informações e discussões detalhadas sobre o tema, é possível assistir ao conteúdo completo disponível no YouTube, clique aqui.


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