Nos 30 anos desde o início do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil reduziu as desigualdades em saúde e melhorou a cobertura e o acesso à saúde. No entanto, mobilizar financiamento suficiente para o mandato de cobertura universal de saúde do SUS tem sido um desafio constante, não ajudado por ineficiências persistentes no uso de recursos no sistema de saúde brasileiro.
Mudanças demográficas e epidemiológicas, expectativas crescentes da sociedade e as necessidades emergentes de um período de recuperação pós-COVID-19 significam que são necessários ajustes e reformas contínuos para garantir a sustentabilidade do sistema de saúde.
Esta revisão usa indicadores e estruturas políticas reconhecidas internacionalmente para examinar o desempenho do sistema de saúde brasileiro. O relatório aponta as principais ações que o Brasil deve considerar priorizar nos próximos anos para fortalecer o desempenho do sistema de saúde, especialmente melhorando a eficiência e a sustentabilidade do financiamento, atualizando sua infraestrutura de dados de saúde para alavancar uma transformação digital e abordando os principais fatores de risco da população, como excesso de peso e consumo nocivo de álcool.
Destaques do relatório:
O Brasil dedicou uma menor parcela de seu orçamento público para a saúde (10,5%) do que a maioria dos países da OCDE em 2019, ficando bem abaixo da média de 15,3%.
Projeta-se que os gastos em saúde no Brasil aumentarão para 12,6% do PIB em 2040 (comparado a 9,6% em 2019). Os gastos poderiam ser mais eficientes em áreas como atenção primária à saúde, cuidados hospitalares, produtos farmacêuticos, cuidados a longo prazo e gestão.
Estima-se que 21.9% da população brasileira terá 65 anos ou mais em 2050, comparado a 8.9% em 2017. O Brasil precisa antecipar-se às necessidades futuras de cuidados longa duração de uma população que passa por um processo de envelhecimento.
O Brasil deveria fazer um melhor uso dos dados em saúde e acompanhar a trajetória clínica dos pacientes para monitorar regularmente a qualidade e performance dos serviços de saúde.
No Brasil, 90% dos gastos com produtos farmacêuticos são financiados por desembolsos diretos das famílias. O acesso insuficiente a medicamentos essenciais afeta de maneira desproporcional a população mais pobre e desfavorecida.
Melhores estratégias de prevenção e saúde pública são urgentemente necessárias, em especial para lidar com o aumento do sobrepeso e uso abusivo de álcool nos últimos anos: - O consumo excessivo de álcool dentre os adultos quase triplicou em seis anos, indo de 5,9% em 2013 para 17,1% em 2019 - A taxa de sobrepeso aumentou em 12,5% entre 2006 e 2016, a quarta maior taxa de crescimento, apenas atrás da Costa Rica, Japão e Coréia.
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