Membros de GT do FórumCCNTs participam do Seminário Nacional de Saúde Mental e Trabalho
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Na última semana, os membros do GT Saúde Mental e Neurológica do FórumCCNTs participaram do Seminário Nacional de Saúde Mental e Trabalho. Entre eles participaram a Sra. Marta Axthelm (ABRATA), Dr. Alberto Ogata (FGV) e Maria Odete Pereira (UFMG), que debateram importantes temáticas acerca do tema, com resoluções como a ascensão do trabalho em formato home office.
O Dr. Alberto Ogata realizou a abertura do evento, agradecendo a presença de todos e o patrocínio do laboratório Viatris. Em seguida, convidou Ana Luiza Petry para uma breve fala sobre os investimentos do laboratório na área de saúde mental.

Após isso, chamou os membros da mesa de abertura para ocuparem seus lugares. O presidente da FUNDACENTRO, José Clóvis da Silva falou em nome da Fundação e a professora Ana Maria Malik como representante da Escola de Administração da FGV. O Prof. Dr. Marcelo Kimati, diretor do Departamento de Saúde Mental e Álcool e outras Drogas – DESMAD, do Ministério da Saúde, que também compôs a mesa, participou de forma remota, abordando o estado da arte da saúde mental e trabalho no Brasil.
Em sua fala, Dr. Kimati apresentou o panorama da saúde mental no país nos últimos 25 anos, enfatizando o cuidado produzido no território, centrado no sujeito e não apenas no diagnóstico. Ressaltou os desafios da era tecnológica e das desigualdades estruturais, incluindo o trabalho por meio de plataformas digitais, em contraste com situações de trabalho análogo à escravidão, além de discutir a saúde mental dos povos originários.
O diretor do DESMAD destacou que o departamento realizará 150 entregas em um ano e meio de gestão, enfrentando muitos desafios. Informou ainda que, até o final deste ano, será lançado um edital de economia solidária, em parceria com a FUNDACENTRO, para financiar de 60 a 80 projetos no âmbito do Programa Paul Singer.

A primeira palestrante, Profa. Dra. Laura Helena Silveira Guerra de Andrade (FMUSP), apresentou dados sobre a epidemiologia do adoecimento psíquico relacionado ao trabalho, baseados em pesquisa realizada entre 2017 e 2019 no município de São Paulo. Entre os resultados, destacou que:
trabalhadores com menor escolaridade e que executavam atividades laborais mais simples apresentaram maior prevalência de bem-estar no trabalho;
mulheres relataram menor bem-estar que homens, possivelmente devido ao acúmulo de responsabilidades domésticas e de cuidado de crianças e/ou idosos;
homens com maior escolaridade tiveram melhor percepção de bem-estar;
o trabalho presencial foi a modalidade associada a maior bem-estar.
O segundo palestrante, Prof. Dr. João Silvestre da Silva Júnior (FMUSP), abordou a saúde mental e o trabalho a partir do modelo de espectro de resposta biológica de René Mendes. Apresentou os riscos e determinantes sociais do adoecimento psíquico, bem como resultados do Global Burden of Disease de 2021 sobre prevalência mundial — destacando os dados brasileiros, com predomínio de quadros de ansiedade, depressão e dependência de álcool e outras drogas. Também tratou da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (2012) e das Normas Regulamentadoras (NRs), com ênfase na NR 1, que dispõe sobre o gerenciamento de riscos ocupacionais, vigente desde 26 de maio de 2025. Ressaltou ainda os riscos psicossociais que mais impactam a dinâmica do trabalho, a performance, a satisfação e a saúde do trabalhador.

A terceira palestra foi proferida pelo psiquiatra Luís Gustavo Vala Zoldan, do Hospital Israelita Albert Einstein, que abordou o acesso e a coordenação do cuidado em saúde nos sistemas público e privado. Apresentou os componentes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde e a gestão do cuidado em saúde mental na saúde populacional, no contexto da medicina diagnóstica e ambulatorial do Einstein.
Encerrando as apresentações, a psicóloga e Profa. Dra. Liliana Guimarães falou sobre saúde mental e bem-estar, destacando o conceito de "salutogênese". Defendeu que o bem-estar no trabalho é um investimento estratégico que beneficia tanto trabalhadores quanto empregadores. Ressaltou que a saúde mental dos trabalhadores está diretamente relacionada a ambientes laborais que favoreçam ações criativas capazes de transformar o sofrimento em experiências construtivas, contribuindo para a estruturação positiva do indivíduo. Finalizou afirmando que o trabalho é elemento central na vida humana, com papel fundamental na construção da identidade, na organização da sociedade e na promoção da saúde e qualidade de vida.