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Epidemia de Diabesidade no Brasil requer ações urgentes, conforme debatido no FórumCCNTs

Especialistas discutiram em reunião promovida pelo FórumCCNTs, em 15 de março de 2024, sobre diabesidade as estratégias coletivas e intersetoriais para o controle da obesidade, do diabetes e de sua associação

 

A Organização Mundial de Saúde alerta que, em 2035, a obesidade será um dos problemas mais graves de saúde coletiva, com 2,3 milhões de pessoas acima do peso. No Brasil, os dados são alarmantes, segundo o Mapa da Obesidade, houve aumento de 72% da condição nos últimos anos. O País ocupa o quinto lugar no ranking do diabetes, com 16,8 milhões de pessoas com essa condição.



Durante o evento com o tema “Diabesidade, como combater essa dupla?”, especialistas direcionaram discussões sobre a obesidade e como ações intersetoriais interferem no tratamento de outras condições como o diabetes. Diante do quadro de epidemia, é urgente a necessidade de unir diferentes estratégias para reverter a tendência do aumento da diabesidade no território nacional. “Devemos engajar os setores público privado e terceiro setor em esforços conjuntos para as políticas que atendam às necessidades das pessoas vivendo com o diabetes e outras condições intimamente associadas à obesidade”, ressalta o endocrinologista Ronaldo Wieselberg, membro do Comitê Consultivo do Fórum Intersetorial de CCNTs no Brasil (FórumCCNTs) e presidente da ADJ Diabetes Brasil.


Em meados de 2013, a influencer Glenda Cardoso, especialista em nutrição, recebeu negativa de uma vaga de emprego por causa da sua condição de obesidade e teve sucessivos problemas de saúde ao chegar a 174Kg. No evento, ela contou sobre o processo de emagrecimento por meio de readequação alimentar pós-cirurgia bariátrica e, principalmente, do engajamento pela causa da vestibilidade, colaborando para a Norma Brasileira Feminina de Vestibilidade (NBR 16933). Glenda ressaltou também o apoio multidisciplinar na recuperação da saúde e a importância de procurar profissionais para a orientação do método correto de emagrecimento. “Após cinco meses de cirurgia eu já consegui ver uma melhora significativa no processo e várias outras coisas envolvidas. Melhorou a minha inserção social e surgiram novas oportunidades”, relata.



A saúde mental também foi um dos pontos relevantes apresentados durante o painel com especialistas. Tão complexo quanto a diabesidade, os cuidados referentes à psicologia e à psiquiatria colaboram para resultados mais assertivos. “Sabemos que a questão da regulação do apetite não passa só por vontade ou por disciplina. A pessoa com obesidade ou com sobrepeso é muito estigmatizada como se fosse culpada por sua própria condição de saúde, o que é ainda mais devastador”, completa a psiquiatra Mônica Silveira, presidente do Instituto de Saúde Mental e Diabetes e professora da UNICAMP. Além da obesidade, do diabetes e outras consequências, a médica recomenda o tratamento da saúde mental. “Muitas vezes esse trio anda junto. Uma coisa vai piorando a outra” e, por fim, defende a necessidade do acompanhamento multiprofissional.

  

Condições crônicas não são transmissíveis?

 

Estudos indicam que uma pessoa com condição crônica pode “influenciar” outras com quem convive. Se um parceiro ou os amigos desenvolverem a obesidade, o risco para os indivíduos mais próximos aumenta. Isso porque a condição interfere diretamente nos comportamentos, como explica o médico Fábio Moura, especialista em endocrinologia e metabologia do Instituto de Medicina Integrada de Pernambuco e membro da ABESO. “Precisamos acionar o poder público para que atue não só no esclarecimento, mas também na diminuição de impostos sobre alimentos saudáveis, como frutas e legumes”. O médico revela, ainda, que não há opções disponíveis para tratamento farmacológico da obesidade no âmbito do SUS”. 


No final de 2023, a World Obesity lançou o Atlas Mundial da Obesidade e um dos dados que mais chama a atenção é de que três das quatro principais causas de doenças crônicas não transmissíveis têm a ver com a obesidade. O cientista político, Guilherme Nafalski, do Instituto Cordial, vai além, e mostra como a obesidade custa caro aos cofres do País. São 40 bilhões de dólares gastos com tratamentos. “Quais são as políticas pensadas para essas pessoas, afinal? Essas pessoas são acolhidas pelo sistema de saúde ou o sistema acaba sendo excludente? É fundamental mudar o olhar sobre isso”, indaga Guilherme.



Soluções viáveis para a Diabesidade

 

O programa Cities Changing Diabetes, presente em mais de 40 cidades pelo mundo. No Brasil, Campinas (SP) é o primeiro município a receber a iniciativa, em parceria com a prefeitura da cidade, o governo da Dinamarca, a Impact Hub, e a Novo Nordisk. O objetivo é reduzir a prevalência da obesidade e os índices de diabetes tipo 2 entre a população local. Renata Mariano, da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, revela que a ação envolve, desde 2022, diversas secretarias e a comunidade. A cidade foi setorizada e o projeto atingiu aproximadamente 50 mil pessoas. Um dos pontos singulares é a alimentação saudável nas escolas, desde a educação infantil ao ensino médio. Há também a articulação de hortas comunitárias e mais oferta de práticas esportivas acessíveis. A ampliação do Cities Changing Diabetes deve alcançar 31 territórios em breve, chegando a 600 mil pessoas em Campinas.  


 

Ainda há muito a ser feito no sentido de prevenção e gestão do tratamento de forma mais efetiva, como enfatiza Simone Tcherniakovsky, responsável pela comunicação e assuntos institucionais da Novo Nordisk. “Sabemos que os determinantes sociais, econômicos, culturais, ambientais impactam nestas questões. A diabesidade é questão de saúde pública extremamente complexa e multifatorial que exige atenção de todos nós”, diz.   



O médico Carlos Schiavon, fundador e presidente do Instituto Obesidade Brasil e vice-presidente executivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica argumentou sobre duas vertentes do tratamento da obesidade com diabetes. Segundo ele, “na cirurgia bariátrica, pessoas com e sem diabetes perdem peso de forma semelhante e o procedimento é efetivo no tratamento a longo prazo, com redução da mortalidade cardiovascular”.



No que se refere à cirurgia bariátrica, Danilo Campos, coordenador geral da Atenção Especializada do Ministério da Saúde mostrou que a rede de atenção especializada ainda não tem números compatíveis com o que se entende por ideal, visto que é recente a implantação de estratégias com essa finalidade. Além disso, 60% dos hospitais credenciados para cirurgias bariátricas, por exemplo, concentram-se nas regiões Sul e Sudeste. “Precisamos ter clareza, do ponto de vista nacional, que as desigualdades e iniquidades regionais também precisam ser superadas. Destacamos que houve programa de redução de filas para procedimentos seletivos de cirurgias e exames, e a cirurgia bariátrica foi um dos procedimentos contemplados”, finaliza e completa: “entendemos e reconhecemos as dificuldades, mas estamos olhando para frente propondo inovações”.  



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