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The Economist Impact publica relatório e destaca urgência no enfrentamento das condições cardiovasculares em mercados emergentes

  • Foto do escritor: FórumDCNTs
    FórumDCNTs
  • 12 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 13 de jun.

A The Economist Impact acaba de lançar o relatório Tackling cardiovascular disease: a health and economic imperative for emerging markets (“Enfrentar as condições cardiovasculares: um imperativo de saúde e econômico para mercados emergentes”), com apoio da Novartis Foundation. O material analisa o impacto das condições cardiovasculares (DCV) em países de baixa e média renda, e propõe caminhos concretos para acelerar a resposta dos sistemas de saúde – com base em evidências, experiências bem-sucedidas e instrumentos de planejamento de políticas públicas.

Foto: The Economist Impact
Foto: The Economist Impact

O FórumCCNTs foi uma das organizações convidadas a contribuir com o estudo e aparece como fonte de referência ao longo do documento, com destaque para as falas do Dr. Mark Barone, Fundador e Coordenador-geral do FórumCCNTs, sobre o papel estratégico da coleta de dados e da cooperação internacional para orientar ações eficazes:


“Agora temos os números para justificar a necessidade de mudança. É importante que os países colaborem entre si e que cada país colete seus próprios dados.”


— Dr. Mark Barone, Fundador e Coordenador-geral do FórumCCNTs


O relatório enfatiza que as DCV são hoje a principal causa de morte em todo o mundo, e impõem custos altíssimos aos sistemas de saúde, especialmente em mercados emergentes. Entre os dados globais, destaca-se que condições cardiovasculares causam mais de 18 milhões de mortes por ano e representam cerca de um terço de todas as mortes globais. Apesar disso, a maioria dos países de baixa e média renda ainda investe pouco em ações efetivas de prevenção, detecção precoce e controle dessas condições.


O Brasil no contexto: sistema universal, mas com desafios na detecção precoce


O Brasil é citado como um dos poucos países de renda média com sistema de saúde universal, o Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece acesso gratuito à atenção primária, exames e medicamentos para condições crônicas como hipertensão e diabetes. O SUS atua em todo o território nacional — um país com dimensões continentais, o que representa uma base sólida para enfrentar as condições cardiovasculares de forma equitativa. Consolida-se como o maior sistema público de saúde do mundo, além de ser o maior patrimônio da população brasileira e o principal aliado da sociedade no enfrentamento das condições crônicas não transmissíveis (CCNTs).


Apesar dessa infraestrutura, os desafios na detecção precoce e no manejo das DCV ainda são significativos. Dados do relatório revelam que:



Esses dados reforçam a necessidade de políticas intersetoriais, melhoria dos fluxos de cuidado e uso estratégico de dados para a formulação de políticas públicas. O relatório reconhece a atuação do FórumCCNTs na mobilização de diferentes setores e na promoção de iniciativas com base em evidências no país.


“A pandemia evidenciou que investir na prevenção de DCV e de CCNTs em geral traz o benefício de melhorar a saúde populacional, tornando as pessoas mais resilientes a emergências sanitárias, como pandemias, além de prevenir DCV e outras CCNTs.”


— Dr. Mark Barone, Fundador e Coordenador-geral do FórumCCNTs


As “best buys” da OMS


Um dos pontos centrais do relatório é o detalhamento das chamadas best buys” da Organização Mundial da Saúde (OMS) — um conjunto de intervenções baseadas em políticas públicas e ações clínicas que oferecem retorno econômico substancial ao serem implementadas. A OMS estudou amplamente o impacto dessas medidas, que incluem desde a prevenção, com aumento de impostos sobre produtos nocivos, restrição da publicidade e venda de produtos prejudiciais, campanhas de informação e educação, até o manejo precoce de condições, como o controle da hipertensão para prevenir complicações mais graves.


A implementação dessas “best buys” voltadas para os fatores de risco das DCV e para o manejo precoce pode, por exemplo, transformar um investimento de US$ 8 milhões em um benefício econômico projetado de US$ 25 milhões, ou seja, um retorno de aproximadamente US$ 3 a US$ 12 para cada dólar investido.


Mais especificamente, o relatório apresenta exemplos detalhados do retorno sobre investimento (ROI) para diferentes intervenções: a redução do consumo de sal na dieta oferece um retorno de US$ 11,93 por dólar investido; intervenções para reduzir o consumo de álcool trazem um retorno de US$ 8,32 por dólar; enquanto ações focadas no manejo clínico das DCV e do diabetes proporcionam um retorno positivo, ainda que menor, de US$ 3,12 por dólar gasto.


Essa abordagem, focada em intervenções “upstream” — ou seja, na prevenção e detecção precoce — é essencial para que os países emergentes maximizem o impacto populacional das ações e reduzam os custos totais no sistema de saúde, promovendo a sustentabilidade econômica e a melhoria da qualidade de vida da população.


Ferramentas e recomendações


O relatório apresenta ferramentas como a OneHealth Tool, da OMS, já usada por vários países para estimar recursos necessários à implementação de políticas, e destaca exemplos de boas práticas, como o desenvolvimento de ferramentas de retorno sobre investimento (ROI) para apoiar decisões baseadas em evidência.


Entre as recomendações finais aos formuladores de políticas, destacam-se:


  • Fortalecer a atenção primária como base para a cobertura universal de saúde e para resposta a DCV;

  • Investir em prevenção com base em dados locais e intervenções comprovadas;

  • Integrar diferentes setores (como transporte, urbanismo e alimentação) nas políticas de saúde;

  • Ativar a sociedade civil como força catalisadora de mudanças duradouras;

  • Aprender com experiências de outros países e mercados emergentes.


Para os países de baixa e média renda, incluindo o Brasil, a OMS recomenda que cerca de 20% do orçamento para saúde seja destinado a intervenções prioritárias contra CCNTs, estimando que investimentos de aproximadamente US$ 18 bilhões anuais até 2030 poderiam evitar 39 milhões de mortes, com retorno econômico estimado em US$ 2,7 trilhões, uma relação custo-benefício de 19 para 1.


O relatório está disponível em inglês no site da The Economist Impact e serve como um importante recurso para planejadores, gestores públicos, sociedade civil e todos os interessados em transformar a realidade das condições cardiovasculares nos países em desenvolvimento.



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