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Obesidade: Soluções Urgentes para esta Grave Epidemia - Cobertura do evento de 27/07/2021

Na última terça-feira (27/7), o FórumDCNTs realizou o evento interativo "Obesidade: Soluções Urgentes para esta Grave Epidemia". O evento teve por objetivo a) entender os fatores relacionados ao indivíduo, à sociedade e ao ambiente contemporâneo que estão tornando a obesidade a principal doença, causa de outras DCNTs e de óbitos no país, b) identificar estratégias efetivas para além da prevenção, visando tratar os mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras afetados e c) engajar os setores público, privado e terceiro setor em esforços multissetoriais para implementação de modelos com potencial para reverter a tendência de aumento exponencial da prevalência de obesidade e suas complicações (confira a agenda completa e a gravação de todos os trechos aqui).

Participaram do evento líderes do Instituto Obesidade Brasil, da Santa Casa de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO), da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), do Ministério da Saúde, da ACT Promoção da Saúde, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, da ADJ Diabetes Brasil e da empresa Novo Nordisk.


Dr. Ronaldo Wieselberg, membro da Comissão Consultiva do FórumDCNTs, iniciou o evento ressaltando que a obesidade é uma doença crônica não transmissível (DCNT) que merece atenção dos profissionais de saúde pois, muitas vezes, as pessoas têm vergonha de procurar ajuda profissional devido ao estigma atrelado à condição. Apresentou a "pêntade perigosa" ou seja, inatividade física, alimentação inadequada, fatores genéticos, alguns medicamentos e o histórico clínico contribuindo para o aumento dessa condição. Ainda ressaltou o gasto que obesidade gera para a saúde pública, chegando a 6 bilhões de dólares no ano de 2020 no Brasil.

Em seguida tivemos a fala da Sra. Simone Tcherniakovsky, representante da Novo Nordisk, destacou que mais de 40 milhões de brasileiros vivem com obesidade e será necessário trabalhar de forma integrada para enfrentar esse desafio. Reforçou, ainda, que a obesidade é uma DCNT grave que precisa ser reconhecida como doença para que seja adequadamente tratada.


Ainda na abertura do evento, contamos com a fala da Dra. Cristiane Moulin, diretora da SBEM e da ABESO, pontuando que somente em 2013 a obesidade foi considerada uma DCNT e que as sociedade médicas têm como missão difundir a mensagem de que a obesidade pode ser prevenida e tratada.


A Sra. Andrea Levy, co-fundadora do Instituto Obesidade Brasil, relatou como foi sua jornada vivendo com a obesidade desde a infância até a idade adulta, quando fez a cirurgia bariátrica. Para compartilhar sua experiência, escreveu o livro "Cirurgia bariátrica: manual de instruções para pacientes e familiares" de linguagem acessível para que pessoas com obesidade possam ter orientação adequada. Sem dúvida, teria sido uma referência fundamental para ela, caso o livro já tivesse sido escrito por outro especialista, visto que sofreu muito devido à falta de acesso à informação e profissionais de saúde que a orientassem adequadamente mesmo após a cirurgia. Descreveu as severas consequências da desnutrição que sofreu e encerrou sua fala com a frase "quando você entende a sua condição, você se empodera".


Logo após, a Sra. Luisete Moraes, coordenadora técnica da coordenação geral de educação alimentar e nutricional da OPAS/OMS, falou sobre o cenário da obesidade no Brasil e as políticas públicas integradas. No Brasil, 61% da população adulta está com sobrepeso ou obesidade, 27% dos adolescentes e 28% das crianças também convivem com obesidade. Houve um aumento de 50% da américa latina do consumo de ultraprocessados na pandemia e uma pesquisa aponta que metade das crianças de 6 a 23 meses já consomem alimentos ultraprocessados no Brasil. Ressaltou que a obesidade é responsável por 4 milhões de mortes ao ano, superando o álcool e o tabagismo.

Em seguida o Dr. João Salles, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e professor de endocrinologia na Santa Casa-SP, falou como é possível tratar obesidade e reverter a curva ascendente de casos e intercorrências. Destacou que o medicamento deve entrar logo no início do tratamento da obesidade, juntamente com as mudanças relacionadas a alimentação e atividade física, para potencializar o efeito e dar durabilidade a perda de peso, já que esse é um dos maiores desafios da obesidade. Enfatizou, ainda, que os medicamentos para obesidade estão evoluindo, mas que os já disponíveis precisam urgentemente ficar mais acessíveis e serem disponibilizadas pelo SUS.

Dr. Marco Aurélio, Diretor da Unidade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, apresentou dados sobre a cirurgia bariátrica, enfatizando que sua indicação não é para todos os casos de obesidade, mas que pode sim beneficiar muito aqueles que se enquadram nos critérios. Entre esses critérios estão ter obesidade mórbida, o que, no Brasil, corresponde a 2% dos homens e 4% das mulheres, somando 4,5 milhões de brasileiros. Destacou, com isso que, apesar de o Brasil ser o segundo pais em número de cirurgias bariátricas/metabólicas no mundo, o número desses procedimentos ainda é muito inferior à demanda, especialmente no sistema público. Advogou por serem estabelecidas metas no SUS, para se ter um equilíbrio no número de procedimentos e para prever custos, ao mesmo tempo que investimento principal seja na prevenção da obesidade.

A Sra. Marília Albiero, coordenadora de inovação e estratégia na ACT Promoção da Saúde, falou sobre determinantes sociais e comerciais no aumento da prevalência de obesidade, destacando que os brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar e que o Brasil está na 20ª posição em países que dispõem de espaços para a plantação de frutas, legumes e verduras, dificultando o acesso ao alimento saudável. Enfatizando ser necessário trabalhar políticas públicas em mesmo nível de intensidade e prioridade, para que as pessoas tenham acesso a uma alimentação mais saudável.


Por fim, a Dra. Gisele Bortolini, coordenadora-geral de alimentação e nutrição no Ministério da Saúde, falou sobre as ações do Ministério no combate à obesidade, da prevenção ao tratamento. Enfatizou que a obesidade já sendo reconhecida como uma doença, com o seu CID, é acompanhada pelas equipes de saúde na Atenção Primária. A inatividade física e o alto consumo de alimentos ultraprocessados são reconhecidos como os principais determinantes da obesidade. Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde reconhece que não é somente uma questão individual, pois o ambiente que o individuo vive contribuem para a prevenção ou agravamento da condição. Relatou existirem mais de 40 mil equipes de atenção primaria à saúde que trabalham com ações voltadas à obesidade. Admitiu que a obesidade ainda é pouco relatada e vista como uma condição de saúde a ser tratada e, por isso, o SUS tem investido em qualificação de seus profissionais. Na ocasião, anunciou que o Ministério da Saúde irá lançar uma nova ação para apoiar os municípios e fomentar cidades mais saudáveis, desde a atenção primária até a cirurgia bariátrica. Incentivando, com isso, prefeitos a olharem para a sua cidade como um lugar que deve apoiar crianças e seus familiares para condições de praticar atividade física e se alimentar de forma saudável. Relatou, ainda, um acordo assinado no Mercosul, no que o Brasil se comprometeu a proteger e preservar a tradição local e cultural da alimentação do país.


Para encerrar o evento, os painelistas responderam a perguntas da plateia e enfatizaram a importância da obesidade ser tratada como uma doença crônica que precisa de mais atenção. Foi unânime a orientação de se falar mais sobre obesidade para quebrar preconceitos e estigmas, entender melhor como essa condição funciona, desenvolver terapias mais efetivas, e implementar programas e políticas públicas com urgência. Os desafios que envolvem a obesidade são inúmeros e é necessário trabalhar em conjunto para reverter a tendência do aumento dessa condição no Brasil.


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