No dia 11/03 o FórumDCNTs realizou o webinar com o tema “Como Otimizar Imunização para Reduzir Mortes Prematuras em DCNTs” com o objetivo de compreender a relevância da priorização de imunização para grupos com CCNTs/DCNTs, a fim de prevenir os riscos de doenças infecciosas; identificar onde avançamos e principais ameaças atuais ao PNI, assim como ajustes necessários, para proteger pessoas com condições crônicas de saúde ou em risco de desenvolvê-las; engajar diferentes stakeholders e setores a fim de otimizar o planejamento da imunização, especialmente pensando em grupos de maior risco, como crianças, idosos e pessoas com CCNTs/DCNTs. Estiveram presentes a Sra. Camila Sartorato (Horas da Vida), a Dra. Lely Guzmán (OPAS), Dra. Lorena Diniz (CRIE Goiás | ASBAI), o Dr. Mauricio Mendonça (Sanofi), Dr. Renato Kfouri (SBP) a Dra. Vânia Broucke (SESAB) e o Deputado Federal Dr. Zacharias Calil.
Durante a abertura do evento, o fundador e coordenador geral do FórumDCNTs, Dr. Mark Barone abordou o papel fundamental da imunização, tanto na prevenção primária de algumas doenças crônicas, quanto no agravamento de condições crônicas já existentes por doenças infecciosas. Ele reitera o papel do FórumDCNTs perante a imunização e relembra o posicionamento da iniciativa no início da pandemia da COVID-19, quando, em parceria com diversas instituições participantes do FórumDCNTs, escreveram ao governo demandando que fosse prioridade nacional a imunização de pessoas com condições crônicas (link para a cartas 1, 2 e 3). O Dr. Barone também relembrou a Carta Aberta de Prioridades 2021-2022, enviada ao ministro da saúde, na qual aparece a necessidade de expansão da faixa etária para imunização contra HPV. Ao final de sua fala de abertura, o representante do FórumDCNTs apresentou um gráfico que evidencia a redução da cobertura vacinal das diferentes vacinas nos últimos 10 anos, assim como a tendência de continuidade da queda.
Na sequência, o Dr. Mauricio Mendonça (SANOFI), iniciou sua participação lembrando da importância de ter claras e definidas as prioridades em relação à imunização. Enquanto a Sra. Camila Sartorato (Horas da Vida) expôs a importância do 3º setor no engajamento da população para a imunização e todo o trabalho que o Instituto Horas da Vida tem feito durante a pandemia.
Foi dada a palavra, então, ao Dr. Renato Kfouri (SBIm e SBP), que abriu sua participação falando dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) criados pelo Ministério da Saúde, onde indivíduos com DCNTs têm prioridade e acesso gratuito às vacinas especiais, e sobre o desconhecimento e baixa procura da população por esse recurso. A Dra. Lonera Diniz, representante do CRIE de Goiás, deu seguimento reiterando a importância das unidades que garantem o acesso às vacinas para os grupos de pessoas com DCNTs.
Em nível global, a Dra. Lely Guzmán (OPAS/OMS), compartilhou que a OPAS vem trabalhando no contexto do programa de imunização associado e uma série de ações através de políticas para fomentar e melhorar a capacidade da prevenção e da promoção da saúde. A representante da OPAS enfatizou, ainda, o planejamento de ações para a eliminação do câncer do colo de útero até 2030, visto que essa eliminação tem como componente essencial a vacinação contra o HPV.
Contamos, ainda, com a apresentação da Sra. Vânia Broucke, coordenadora estadual de imunização da Bahia. Segundo ela, a SESAB tem feito parceria com as secretarias municipais de saúde para levar as vacinas a um maior número de pessoas. Mencionou que o estado da Bahia conta com três CRIEs, mas que as secretarias municipais são estimuladas a colher informações sobre a população, a fim de receberem imunobiológicos especiais para aqueles que os necessitem.
Mais adiante, em sua intervenção, o Deputado Zacharias Calil destacou o papel essencial que a vacinação da COVID-19 teve para a queda do número de internações e mortes durante a pandemia, especialmente de grupos de pessoas com mais idade e com condições crônicas de saúde.
Durante o debate, que se estendeu por quase uma hora, e perguntas foram endereçados aos painelistas. A primeira a responder foi a Dra. Lorena Diniz (CRIEs), a respeito da dificuldade de divulgação dos CRIEs e da falta de conhecimento geral da população e dos profissionais de saúde sobre esses centros. Ela também expressou preocupação em relação à capacidade dos CRIEs em dar conta da demanda, caso sejam adequadamente divulgados e utilizados. Compartilhou que, mesmo reconhecendo que poucos profissionais de saúde conhecem o serviço, o volume de pessoas que chegam ao CRIE onde trabalha já é maior que a sua capacidade. A Dra. Diniz, fez uso de seu espaço de fala para explicar sobre como fazer o encaminhamento para os CRIEs. Disse que o usuário precisa apenas levar um relatório ou receita de seu/ua médico/a solicitando o imunobiológico específico e identificando a condição de saúde (CCNT/DCNTs) para o qual é indicado o imunobiológico. Para concluir, ela disse que são poucos os CRIEs que contam com médicos, e alertou que os endocrinologistas são os especialistas que menos encaminham pessoas aos CRIEs. Em complemento, a Sra. Vânia Broucke ratificou a fala da Dra. Lorena Diniz, sobre a necessidade de mais unidades.
A fim de responder a uma questão sobre como engajar líderes da sociedade para reverter a baixa da cobertura vacinal, a Sra. Camila Sartorato compartilhou a experiência do Instituto Horas da Vida de firmar parceria com influenciadores. Revelou, também, que o uso das redes sociais, com mensagens engajadoras e adequadas à linguagem do público que se pretende atingir, é uma poderosa estratégia de comunicação para divulgar e expandir a adesão às vacinas. Complementado, o deputado Zacharias Calil frisou a importância das campanhas de informação e conscientização - e a falta de campanhas nacionais que mobilizavam toda a população no passado. Portanto, a necessidade da publicização das campanhas vacinais. Ele falou também sobre a popularização do negacionismo e o dever de combater as fake-news para manter a qualidade de vida e o aumento da adesão às vacinas.
Em relação às vacinas disponíveis para a população, a Dra. Lorena Diniz conta um pouco sobre o Manual do CRIE e dos esforços do Ministério da Saúde para incorporar novas vacinas e aumentar a cobertura e o acesso aos imunobiológicos disponíveis nas unidades do CRIE. Ao mesmo tempo, o Dr. Kfouri alerta que vacinas como a quadrivalente para influenza já são padrão em muitos países, enquanto no Brasil ainda se usa a trivalente. O Dr. Mendonça dá continuidade a fala sobre o atraso na implementação de vacinas atualizadas no Brasil. Ele chama a atenção para o fato de que isso não ocorre por causa de recursos, levando em consideração que o orçamento de vacinas no Brasil triplicou nos últimos 2 anos.
Logo após, a Dra. Lely Guzmán reforça a importância de fazer uso das políticas públicas relacionadas às coberturas de vacinação, a fim de não permitirmos a existência de bolsões de baixa cobertura. Revela, ainda, que o Brasil é referência global em imunização, mas que poderia ter uma papel de liderança regional, produzindo vacinas também para suprir as necessidades dos países vizinhos.
Aproximando-nos do fim, o Dr. Mark Barone levantou o questionamento sobre qual seria o momento ideal para se dirigir aos postos de saúde para a imunização contra a influenza neste ano, e se seria pertinente levar a carteirinha para colocar em dia as demais vacinas atrasadas. Em resposta, o Dr. Renato Kfouri aponta que, de acordo com o PNI, a previsão para essa campanha de vacinação contra influenza é a segunda semana de abril, e que será iniciada priorizando idosos e profissionais da saúde, mas que até o final de abril pessoas com CCNTs/DCNTs também deverão ser vacinadas. Complementa dizendo que sim, todos/as devem levar sua carteira de vacinação para, junto com a vacina de influenza, atualizar outras vacinas, incluindo a de COVID-19.
Para encerrar, o Dr. Kfouri recomenda um recurso interessante da SBIm contendo informações pertinentes sobre os imunobiológicos, onde todos podem se informar sobre as vacinas (https://familia.sbim.org.br) e relembra a importância da parceria intersetorial para uma mudança do cenário geral, assim como a necessidade de aprender a se comunicar com uma nova geração que não tem ampla adesão e, muitas vezes, não percebe o valor das vacinas. Segundo ele, no passado as pessoas conheciam alguém que vivia com complicações por ter contraído alguma das doenças hoje preveníveis através da vacina, e não queriam correr riscos.
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